sábado, 1 de junho de 2013

"Passos está a fazer dos portugueses ratos de laboratório"



Mário Soares diz que falta de actuação de Cavaco Silva pode levar à "perda de paciência e pacifismo" que tivemos até agora

O ex-deputado do PSD Pacheco Pereira acusou o governo - numa intervenção enviada ao encontro "Libertar Portugal da Austeridade" - de desprezar os portugueses.

Foi a Mário Soares, enquanto promotor da iniciativa, que coube o discurso de abertura, na Aula Magna. Com recados para Belém. "É bom que o senhor Presidente da República deixe de considerar o governo legítimo", afirmou. Caso contrário, Cavaco Silva "será responsável pela perda de paciência e de pacifismo que temos tido até agora". Soares admite mesmo "que o povo se torne mais violento". "Pense senhor Presidente nas responsabilidades que lhe são assacados", afirmou o ex-Presidente.

Na mensagem - que foi lida resumidamente aos conferencistas, mas a que o i teve acesso na íntegra - Pacheco Pereira defende que o país está a pagar o preço da "herança de uma governação desleixada e aventureira, arrogante e despesista, que nos conduziu às portas da bancarrota". A seguir o ex-deputado lamentou que o actual governo esteja a aproveitar essa herança para implementar "um programa de engenharia cultural, social e política que faz dos portugueses ratos de laboratório de meia dúzia de ideias feitas que passam por ser ideologia".

A isto junta-se, lamentou o social-democrata, o "desprezo por Portugal e pelos portugueses de carne e osso, que existem e que não encaixam nos paradigmas de modernidade lampeira, feita de muita ignorância e incompetência".

Pacheco Pereira acusa mesmo o governo de ter usado o Memorando para "ajustar contas com o passado" e de o ajustamento traduzir "apenas o empobrecimento, feito na desigualdade, atingindo somente os de baixo e poupando a elite político-financeira".

O ex-líder parlamentar do PSD acabou a sua intervenção a acusar o governo de praticar "um discurso de divisão dos portugueses que é um verdadeiro discurso de guerra civil, inaceitável em democracia, cujos efeitos de envenenamento das relações entre os portugueses permanecerão muito para além desta fátua experiência governativa".

Este encontro ficará marcado por ter conseguido reunir no mesmo espaço o PS, o PCP e o BE. Pacheco Pereira explicou a sua participação com a convicção de que, como dizia Sá Carneiro, "os sociais-democratas em Portugal não são de direita". O evento promovido por Soares, que estava a decorrer à hora de fecho desta edição, relançou o debate sobre a possibilidade de alianças à esquerda. Na Assembleia da República, o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, voltou a defender eleições antecipadas e preconizou uma "alternativa que inclua todos os partidos, da direita e da esquerda". E questionou o BE sobre se "está disponível para fazer parte dessa alternativa num contexto de Europa viável e de integração plena".

Umas horas antes, Zorrinho tinha justificado a ausência no encontro por estar num debate televisivo, mas deixou claro que é necessário "juntar não apenas as esquerdas parlamentares, mas também sociais-democratas e democratas-cristãos desiludidos com este governo".

Só não entendo a razão de António Costa só agora dizer isto...

 
 
É sempre bom ouvir um político que anda por lá  há muito tempo a contar-nos como tudo aconteceu, e agora? 
 
 
 
Foi no último programa " Quadratura do Circulo ".
Os outros intervenientes, Pacheco Pereira e Lobo Xavier, nem abriram a boca.
Claro que o moderador também não.
Merece ser lido
 REPASSANDO
ANTONIO COSTA abriu a boca
 
 
 
 
 
 
 
 
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.