O meu
amigo e colega Carlos Caires traduziu o texto francês sobre o "Scandale
bancaire portugais" de que está publicado em baixo um link para o
original.
Aqui
fica a tradução. Actualmente há muita gente que não estudou francês, por isso,
penso que se justifica tomar conhecimento dele. Não é propriamente exaltante.
Antes
triste.
"Fazendo
uso de uma das suas prerrogativas, o Presidente da República Português Aníbal
Cavaco Silva decidiu enviar para o Tribunal Constitucional alguns artigos do
orçamento de 2013 porque tinha "dúvidas" sobre a natureza equilibrada
de esforços imposta sobre a população de um país prestes a entrar no seu
terceiro ano de recessão, numa situação inédita desde a Revolução dos Cravos de
1974. Dúvidas?
Ao
mesmo tempo que o chefe de Estado de reputação mais que manchada se entregada a
esta manobra perfeitamente demagógica, sabia-se que uma das principais figuras
do "cavaquismo", Manuel Dias Loureiro, passava férias de fim de ano
no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, onde um simples quarto custa qualquer
coisa como 600 euros por noite. Bem mais que o salário mínimo português. Eis
quem deveria bastar para levantar "dúvidas" ao residente do palácio
presidencial de Belém.
Responsável
por pastas ministeriais chave nos governos PSD nos quais Cavaco Silva era
primeiro ministro e antigo membro do conselho de Estado, este santo dos santos
da casta política portuguesa, Dias Loureiro, «protégé» de Cavaco, é uma figura
central daquilo que deveria ter sido considerado um enorme escândalo europeu,
um assunto de Estado, a falência do banco BPN. Esta falência fraudulenta poderá
custar ao contribuinte Português, aquele que aperta o seu cinto um furo ano
após ano, até sete mil milhões de euros, ou seja, cerca de um décimo da
assistência financeira internacional que o país solicitou em 2011 e que teve
como contrapartida o programa de ajustamento das contas públicas monitorizado
pela pela "troika" UE-BCE-FMI.
A
actividade principal dos dirigentes deste banco do "bloco central"
(os partidos de centro-esquerda e de centro-direita que têm alternado no poder
desde a queda da ditadura de Salazar), consistia em conceder, por dezenas ou
centenas de milhares de euros, empréstimos aos seus amigos, familiares,
clientes…e a si próprios. Numa reportagem notável, o jornalista da SIC Pedro
Coelho acaba de revelar, por exemplo, que uma empresa de cimento da esfera de
Dias Loureiro recebeu do BPN um empréstimo de 90 milhões de euros. Uma outra
personalidade do "cavaquismo" como Duarte Lima, antigo presidente do
grupo parlamentar do PSD, preso em Lisboa e suspeito de homicídio pela polícia
brasileira, desviou 49 milhões de euros. O próprio Cavaco Silva terá
beneficiado, em condições suspeitas, de uma compra de acções da SLN, holding do
BPN, por parte de José Oliveira e Costa, um dos seus antigos secretários de
Estado, que pode vender posteriormente obtendo um lucro de 140%. Em suma, o
escândalo do BPN é em larga medida aquele do "cavaquismo". E esta
personagem tem "dúvidas" sobre a equidade das políticas de
austeridade?
Estes
milhares de milhões de euros são dados como definitivamente perdidos…mas não
para toda a gente. Quando o escândalo estalou em 2009, a imprensa portuguesa
revelou que Dias Loureiro, administrador da SLN, tinha organizado
cuidadosamente a sua insolvência pessoal e transferido os seus bens para
membros da sua família ou para sociedades offshore. Há que ter com que pagar o
quarto no Copacabana Palace, certo?
E quem
é que Dias Loureiro encontra nas festividades deste hotel, outrora preferido
das vedetas de Hollywood?
Ninguém
mais que Miguel Relvas, pilar do actual governo PSD, amigo próximo e "père
Joseph" do Primeiro Ministro Passos Coelho (1). Relvas, cuja permanência
no governo é em si mesma um escândalo, terá obtido de modo fraudulento uma
licenciatura universitária de modo a poder ostentar o título de
"doutor", termo ao qual a burguesia de Estado lusitana ridiculamente
tanto se afeiçoou.
Como
Armando Vara, amigo intimo do anterior Primeiro ministro "socialista"
José Sócrates que colocou Portugal sob assistência do FMI e da troika, Dias
Loureiro e os "cavaquistas" do BPN são a imagem de que a politica
profissional, em certas "democracias" europeias, constitui o caminho
mais seguro e rápido para o enriquecimento pessoal de uma classe de
aventureiros. Na Grécia, na Irlanda, em Espanha, em Portugal. E em França?
Esta é
a primeira lição. A segunda, é que as graves disfunções do sistema judicial
gangrenadas pela corrupção e traficos de influências permitem a tais indivíduos
usufruir em total impunidade dos bens adquiridos. Note-se também que os
responsáveis directos dos desastres bancários que estiveram na origem directa
da crise financeira global gozaram até agora, nos Estados Unidos e na Europa,
salvo raras excepções, de uma total impunidade cicil e criminal.
Finalmente,
a cereja no topo do bolo,a vigilância do sistema bancário, doravante confiada
na zona euro ao Banco Central Europeu, estará sob a responsabilidade do
vice-presidente Vítor Constâncio, socialista português e governador do Banco de
Portugal, o regulados bancário na altura em que os "cavaquistas" do
BPN se entregavam às suas acrobacias nauseabundas. "Fermez le ban !"
(idiomático: "Fim de proclamação!")
(1.
Père Joseph du Tremblay ficou conhecido pelo seu papel de conselheiro
diplomatico de Richelieu).
in
Point de vue éco - Orange Finance.fr
Inserido
a partir de <https://www.facebook.com/Noticias100Censura/posts/536281719749739>
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